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Melancolia tropical - Reflexões para um dia muito triste e chuvoso



Nestes tempos de incertezas, com a tentativa de Temer de desviar a atenção sobre seu desgoverno com mais um factóide - a militarização do Estado do Rio de Janeiro que tem aumentado o número de mortes nos conflitos -, publicamos mais uma análise de Ciro Moroni Barroso, nosso observador na Pedra da Urca.

As principais questões políticas do momento não estão nas pautas nem nos papos...
Muito mais que as "lutas" num sentido da defesa das paixões e valores populares = é preciso tratar das causas:

Soldadinhos  de chumbo no Aterro do Flamengo
  1. O movimento mais importante de todos seria gastar estes 3 bilhões [e muito mais] para fazer a realocação dos moradores que estão nas "favelas" [criando-se vilas no interior com pequena indústria, agricultura, centros artísticos/educacionais] = o problema maior é que as grandes "favelas" não são mais por causa da pobreza, ao contrário, é o acesso a eletrodomésticos, carro, comércio, que cria o ajuntamento... já nas pequenas favelas, são os pobres mesmo...
  2. O tráfico, como tropa de choque do fato que os grandes produtores da "droga" lucram com a proibição... decidiram se alojar nos grandes ajuntamentos, Rocinha, Alemão, etc, e isso se tornou uma tradição geográfica no Rio, para vender para Zona Sul, Tijuca...
  3. Muitos administradores públicos concordaram com a ideia de que "é melhor deixar o tráfico vender", aí eles passam a "garantir a ordem", etc = os trafas passam a ter milícias de ex-polícias, e polícias em ofício, como sócios, e os trafas passam a mandar uma verba para as secretarias de governo, coronéis dos quartéis, e políticos, através dos bicheiros, etc
  4. Daí veio a fama de que "o Brizola" teria criado isso tudo [35 anos depois, "alguém" espalhou essa notícia de novo, nas rádios e fofocas populares] mas creio que o governo Brizola em 82 aceitou isso como solução de emergência, era o karma do Rio... o Moreira Franco tomou posse em 1987 dizendo que ia "acabar com a violência"... Recebeu os bicheiros da Baixada numa efusiva cena de palácio, como quem diz, "é com eles que acabamos com a violência", se tornam todos sócios = e o Nassif demonstrou que o Temer se tornou figura política como secretário de segurança do governo Fleury-SP, fazendo o acordo com os bicheiros; e o kojak, idem, com o PCC = quer dizer, "deu certo", "caiu a violência", eles pegaram uma baba... e surgiram os "comandos", da capital, vermelho, etc, mistura de polícias-bandidos e bandidos-heróis que garantem o prazer da classe-média, o samba do povo.
  5. E veio a fama do "bandido protetor da comunidade", que é uma meia-verdade, porque em muitos casos deu certo, porém, com o tempo, todo esse sistema mostrou sua irracionalidade...
  6. Enquanto os traficantes maiores que fazem parte do acordo têm a proteção das polícias, ações policiais e de investigação formais são feitas apenas "contra os concorrentes" menores, protegendo os maiores ... qual o polícia ou investigador que vai querer trabalhar a sério contra os bandidos menores, se os maiores dão propina a "nosso patrão", o governador...
  7. E os bandidos menores não aceitam o acordo, querem também vender, ou fazer seus assaltos ... quando se tem "guerra do tráfico", são guerras em que os polícias ajudam os trafas maiores contra os menores... isso causa enorme instabilidade...
  8. E então querem mandar reforços de soldados e mais polícias "dentro da lei", quer dizer, invadindo as comunidades para prender os trafas tradicionais, que não são os responsáveis pelo conflito maior... a criminalidade pior [roubo de cargas, etc] são dos que querem ser independentes, e as milícias, que barbarizam mais... e se as "drogas" não fossem proibidas para "dar preço", os trafas deixariam de existir = mas aí eles virariam bandidos menores, dispersos, o problema continuaria...
       etc, etc

Ciro Moroni Barroso

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