Este
sábado, 18 de março, é dia de festejar o aniversário do filho caçula de
Francisco Antonio e Anna Adelaide, dia de comemorar os 103 anos do grande
maestro petropolitano César Guerra-Peixe. Naquele março de 1914, enquanto a Europa
se tornava palco do primeiro grande conflito mundial, em Petrópolis entrava em
cena aquele que se tornaria um dos maiores brasileiros do século XX, como bem
definiu um de seus alunos e admiradores.
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Tomando o bonde na Petrópolis da década de 1920 |
Nascidos na Beira, região noroeste
de Portugal, os Guerra-Peixe chegaram a Petrópolis ainda na década de 1890. O
pai era ferrador de cavalos e “curativo de animais”, e montou uma oficina na
rua da feira. Músico amador, tocava violão, bandolim, guitarra portuguesa,
sanfona de oito baixos e cítara. A mãe, enquanto cuidava dos afazeres
domésticos e dos dez filhos e filhas, ouvia música clássica o dia inteiro – o
menino adorava e guardou essa memória por toda a vida.
Incentivado pelo pai, já aos seis
anos o menino César experimentava o dedilhado no violão; aos sete aprendia
sozinho a tocar o bandolim e, aos oito, o violino. Já nessa época acompanhava o
pai tomando parte nos “choros” populares que se apresentavam no carnaval de sua
cidade natal e, também, em conjuntos típicos em localidades do Estado do Rio e
Minas Gerais.
Em 1923, aos nove anos, César
Guerra-Peixe iniciou seus estudos de piano na Escola de Música Santa Cecília,
sempre com o incentivo dos pais e amigos da família. Nesse mesmo ano falecia o
fundador da Escola, o maestro pernambucano Paulo Carneiro, que havia chegado em
Petrópolis na mesma época em que vieram os Guerra-Peixe. Com uma trajetória
brilhante, que o levou do interior de Pernambuco à Corte no Rio de Janeiro, o
maestro foi um dos grandes incentivadores da música na cidade que adotou, promovendo
o ensino musical tanto para os filhos e filhas da nobreza, como para as
famílias da classe trabalhadora que não tinham condição de pagar pelo estudo de
suas crianças.
Esse era o caso do menino César,
aluno assíduo e aplicado que, depois de receber diversos prêmios por seu
aproveitamento no estudo da música, iniciou sua vida profissional aos 15 anos
tornando-se professor de violino na escola fundada por Paulo Carneiro. Nesse
mesmo período Guerra-Peixe também trabalhou como violinista nas sessões de cinema
mudo do Cine Glória, no centro de Petrópolis, em casamentos e batizados, e teve
breve experiência como aprendiz nas oficinas de móveis da Casa Gelli.
Assim começou a história do maior
músico e compositor petropolitano, pesquisador e arranjador de renome
internacional, um dos grandes brasileiros de todos os tempos. Hoje, aquele
menino travesso apaixonado pela música empresta seu nome ao evento que
homenageia, a cada ano, os destaques da cena cultural em nossa cidade – o
Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura.
Viva a Cultura! Viva a Música! Viva
Guerra-Peixe!
Petrópolis, março de 2017
Paulo P. de Carvalho / Jornalista
(Publicado na Tribuna de Petrópolis - 15/03/2017
(Publicado na Tribuna de Petrópolis - 15/03/2017
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