- A crise está no ar, no planalto, na saúde... em todo lugar. E mesmo na Petrópolis "imperial", onde a Educação tão mal tratada só confirma o compromisso de tantas "autoridades" em atender aos interesses do capital. Tratando do assunto publicamos hoje artigo do professor da rede estadual de ensino em Petrópolis, André Rodrigues.
Ponte para o Passado na Educação
A crise da Educação pública
representa mais do que a eclosão das contradições de um modelo esgotado.
Trata-se do sintoma de um projeto que, no seu limite, pretende enxugar o Estado
reduzindo-o ao mínimo possível e privatizando serviços públicos como Saúde e
Educação. Este projeto já está em curso e corresponde à necessidade do capital
de criar as condições objetivas para sua livre reprodução, produzindo ataques
frontais contra os direitos dos trabalhadores e retrocesso social e cultural.
O caminho para o atraso obedece a
dois momentos distintos: o sucateamento e desmonte do serviço público e sua
posterior privatização, tendo como pano de fundo a mediação da maior ofensiva
ideológica da direita desde a ditadura militar. E não estamos lidando com
amadores. Prova de que não dão ponto sem nó é o famigerado PL 257, que em nome
de regularizar a relação e as dívidas dos Estados e municípios, coloca
condicionantes para acertar as contas que vão desde o congelamento dos salários
e estancamento das carreiras e cortes brutais de gastos até programas de
demissão voluntária que tornarão letra morta a estabilidade no emprego dos
funcionários públicos em todos os níveis, em particular os profissionais da
Educação. Tudo bem amarrado.
Já o risco evidente de
privatização e mercantilização do ensino público está claramente indicado no
Plano Nacional de Educação, elaborado ainda durante o governo Dilma, quando
indica que o fundo público pode ser direcionado para financiar tanto a educação
pública como a privada.
Por sua vez, o cerceamento do
livre direito de opinião no ato educativo, tal como se expressa em diferentes
leis da mordaça no âmbito dos municípios, como as chamadas iniciativas da
Escola sem Partido ou o que denominam “ideologia de gênero” e encaminhamentos
similares no Congresso Nacional, nos levam a refletir sobre a escola que
queremos. Queremos uma escola para atender os interesses do capital ou um
espaço democrático para a formação de cidadãos críticos e conscientes? Se você entendeu
o que leu até aqui, provavelmente se insere na segunda categoria e se incomoda
com a maneira como a Educação é tratada e com o que querem fazer com ela.
Os segmentos dominantes que
usurparam o poder executivo através de manobras jurídicas, parlamentares e
midiáticas de caráter casuístico e oportunista, contornando o próprio marco
legal e constitucional, sabem que esta agenda provocará resistência e reações e
conta com aparatos de repressão dispostos a serem utilizados. Contra isso,
temos a unidade da classe, ao lado dos estudantes e de todos os demais
servidores em luta pela manutenção de direitos e dispostos a mostrar à população
que não existem pontes nem atalhos para o futuro. Ele está em jogo aqui e
agora!
André Rodrigues
Professor e militante
da Unidade Classista
(Imagem: esquerdadiario.com.br)
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