Hoje publicamos artigo do professor André Rodrigues sobre a greve dos profissionais em Educação no estado do Rio contra mais um ataque aos direitos e conquistas da classe trabalhadora. Enquanto aparelha a polícia repressiva e covarde e distribui benesses aos financiadores de sua campanha, Pezão se presta ao papel de colaborar com o pretendido desmonte da Educação pública e consequente favorecimento de grandes grupos.
André Rodrigues é Secretário Político do PCB em Petrópolis.
André Rodrigues é Secretário Político do PCB em Petrópolis.
SOBRE A GREVE DA EDUCAÇÃO
No último dia 2 de março teve
início a greve dos profissionais da Educação estadual. Era um desenlace
anunciado contra os ataques deste governo que diariamente dá demonstrações a
que veio e a quem segue. Prova disso é que enquanto os educadores e o conjunto
do funcionalismo são penalizados sem reajustes, sofrendo ataques contra
direitos adquiridos e sujeitos às piores condições de trabalho, os benefícios
para as empreiteiras e concessionárias de serviços públicos continuam mantidos.
Outros exemplos estão aí pra
todos constatarem o caráter falacioso do governo Pezão. Assim, na LDO 2016
foram destinados cerca de R$ 850 milhões na forma de renúncia fiscal
beneficiando a AMBEV, um dos maiores fabricantes de bebidas do mundo e que
praticamente monopoliza o mercado nacional. Pois bem, por essa benesse o estado
deixará de receber em 2016 algo em torno de R$ 6.700 bilhões de grandes
empresas, porque na mamata estão agraciadas também montadoras de automóveis e
outras distribuidoras de bebidas sediadas no RJ, que nem por isso deixaram de
demitir, sonegar direitos e agravar as condições de trabalho de seus
empregados. Desnecessário lembrar que em sua maioria estas empresas foram
doadoras de recursos para a campanha de Pezão ao governo do estado.
Poderíamos falar ainda sobre o
escândalo envolvendo a Supervia e os subsídios injustificáveis que recebe,
sobre o aluguel de geradores da Light para as Olimpíadas que implica no perdão
de uma dívida de R$ 170 milhões e outros descalabros. Enquanto isso o governo
alega não ter recursos para impedir o sucateamento da Educação no estado que,
como bem disse Darcy Ribeiro a respeito da crise da Educação que esta “trata-se
de um projeto”. Sim, para sucatear e depois privatizar como fizeram (e
continuam fazendo) com empresas e instituições que já foram motivo de orgulho
para o Brasil.
Estas são a razão de fundo,
porque o que deflagrou a greve foram o reajuste zero em meio a uma inflação de
dois dígitos, parcelamento de salários e uma cretina proposta de contrair
empréstimos para cobrir a diferença. Pezão mostra mais uma vez a que veio no
colo do Bradesco, não por acaso um dos seus financiadores de campanha.
Mas a gota d’água mesmo veio com
a proposta de aumentar para 14% a alíquota para a aposentadoria, revê-las todas
e ainda modificar a idade mínima. Isso foi o estopim, mas o que está levando os
profissionais de Educação às ruas é uma indecente proposta de nova lei de
responsabilidade fiscal para impedir futuros reajustes do funcionalismo. Isto
tem unificado os servidores estaduais que passam a contar ainda com o apoio dos
estudantes. Pezão não sabe no vespeiro que mexeu...
André Rodrigues
Professor da rede
estadual de Educação
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